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sábado, 6 de maio de 2017

#2- A Dieta


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#2- A Dieta

-Vou te passar esse remédio, vai te ajudar na ansiedade mas você precisa seguir uma dieta regrada...

Ela continuou falando e eu só pensava: me dá logo essa receita! Eu sei o que preciso fazer para emagrecer!

Fechar a boca
Não comer doces 
Reduzir carboidratos
Não comer fritura
Fazer exercícios 

Jura?
O que eu quero mesmo é uma poção mágica para emagrecer e ficar linda, pronto!
Não quero parar de beber! Muito menos ficar passando fome!

Dieta me dá dor de cabeça, mau humor e nunca consigo seguir nenhuma!
Acho que já perdi as contas de quantas eu comecei e nunca passei do terceiro mês.

Peguei a receita, sorrindo para aquela senhora, como se fosse mesmo fazer tudo o que ela falou. Uma coisa com certeza vou fazer! Tomar esse remédio todos os dias como se fosse anticoncepcional.

1º mês. Sucesso! Emagreci 2kg
Voltei lá e ela brigou comigo. Como assim? Eu emagreci, você não viu?
Esquece, ela disse que tinha que ser no mínimo 3... ahh. Me passou receita para mais trinta dias e lá fui eu, felizona na farmácia.

2º mês, menos 1,5kg.
Mais uma bronca!
-Me fala a verdade, você não está seguindo a dieta, está?
-Estou! É que sou. Http difícil de perder peso mesmo.
Acho que não colou! Ela mudou minha dieta, explicando Tim tim por tim tim meu café, almoço e janta.
Comprei o remédio tendo que escutar do farmacêutico:
-Essa médica cobra caro a consulta?
-Não sei, é pelo convênio.
-Ah tá, é que minha esposa queria tomar isso também para emagrecer.
Faço aquela cara de:
"Ok mas quem disse que eu quero falar disso com você? Me vende a merda do remédio e fica quieto"
Não quero falar disso com ninguém!
Ninguém que eu conheça sabe que estou tomando isso.
Maior preconceito das pessoas quando ficam sabendo que estamos tomando remédio para emagrecer, afinal, eles sabem o que tem que fazer.

A
"Não precisa disso"
"Você é linda assim"
Corta essa! Sou gorda e não quero ser.
E também não quero parar de comer, entendeu?
Mas é a sociedade quem estipulou isso, você não precisa seguir esses padrões pré definidos, blá-blá-blá.
Besteira...





Todo mundo quer se encaixar em algum grupo na sociedade!
O bom é que hoje existem vários tipos de grupos diferentes:
-O dos nerds,
-O da academia,
-O da comida natural,
-O dos vários estilos musicais.
Até os gordos, procuram o grupo dos gordos!
É como se o mundo fosse um grande grupo de apoio, tipo AA. Cada qual dentro do seu, buscando a autoafirmação. Seu lugar dentro dessa zona toda.

O meu grupo?
Acho que é junto com aquelas pessoas que querem emagrecer mas são preguiçosas demais para isso.
Aí no caminho ficam fazendo graça é piada com todo mundo e sobre tudo.
No fundo... uma vidinha bem banal.

Pensando bem nossas vidas são banais!

No trabalho. Querendo ser melhor que o outro para ganhar mais dinheiro.
Na balada. Procurando o melhor ângulo para a foto que será postada mais tarde.
Nas ruas. Fingindo ser socialmente honesto, quando sabe que é facilmente corrompido.
Eu?
Só finjo que faço dieta quando na verdade só consigo emagrecer tomando remédio. 

3º mês, dessa vez consegui emagrecer os 3kg que ela tanto falou desde a primeira consulta. Também esse remédio não me dá vontade de comer absolutamente nada. 
Ela me olha com aquele sorriso de freira, com 100 anos nas costas e diz com a maior naturalidade possível:
-Muito bem Sra Rafaella, vamos ficar o próximo mês sem o remédio para ver como está sua dieta e nos vemos em trinta dias.
-Claro, doutora.
Ela muda de novo minha dieta, fica uns quarenta minutos falando, falando, falando... eu concordo com tudo que ela diz.
De verdade. Ela tem razão! Sabe das coisas!
-Obrigada doutora. Tenha um ótimo fim de semana.
Ainda eram 11h da manhã, então fui almoçar, só salada com frango grelhado, igual tinha dito.
Voltei para o trabalho, me sentei na frente do computador na mesma hora que o pessoal me cercou rindo;
-Rafa, partiu happyhour hoje?
Ainda estava segurando o atestado médico que deveria entregar ao DP, me lembrando claramente das palavras da médica:
"Você deve fugir das bebidas alcoólicas e fritura durante todo esse mês"
Fiquei pensando por alguns segundos, empurrei a cadeira para ficar de pé junto com eles:
-Vocês vão onde?
"Não diz OutBack por favor"
-Outback. Às 18h. Vamos?
-Já volto.
Droga. Mil vezes droga.
Assim não dá!
Quando voltei já não tinha mais ninguém, já todos focados cada um na tela do seu computador.
Abri o meu, depois de fazer uma longa busca no Google e anotei o telefone no bloco de notas que ficava em cima da mesa.
O dia passou voando, muito trabalho! Muito problema. Muito tudo para uma sexta-feira!
-Vamos Rafa? Estamos indo!
-Ah, putz.... Só preciso fazer uma coisa antes!
Peguei o telefone, que tocou 4 vezes antes de ser atendido:
-Consultório de endocrinologia, boa tarde.
-Gostaria de marcar uma consulta.
-Algum médico específico?
-Não.
-Primeira vez?
-É sim.
-Dia 23 às 16h. Pode ser? Doutor Maurício.
-Está ótimo!
-Agendado.
Desliguei o computador com pressa, peguei minha bolsa e sai correndo atras do pessoal, que já estavam na calçada.
-Calma eu vou com vocês.

O quê foi?
Você não achou que eu ia ficar em casa comendo alface e suco verde né?
Mais fácil trocar de médico!


Nova consulta, novo médico, nova receita médica!Wattpad: A Dieta

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Parte 1 e 2 - A Tênue Linha da Felicidade


 

A Tênue Linha da Felicidade

 
 
 
 
 
 


9- A Tênue Linha da Felicidade (parte 1)

 
O ano era mais ou menos o de 1963, em uma cidade pequena, quase esquecida até hoje. E eu tinha dezesseis anos, foi quando me apaixonei pelo filho do dono do posto de gasolina.
Você pode até não achar nada demais nessa informação, mas minha família era pobre, eu tenho 6 irmãos e minha mãe vai morrer em menos de 1 ano, a contar de agora.
Outro erro é achar que estou falando de um conto de fadas, onde a moça pobre fica com o riquinho da cidade... Não, não é bem assim, porque ele também não tinha muito dinheiro, porém qualquer coisa era mais que a gente.
Sua família veio do interior e seu pai era pedreiro, vieram para cidade grande a pedido do padre local, para ajudar a levantar uma paróquia aqui no bairro, e com muito esforço conseguiu comprar o posto.
Aqueles, sem bandeira nenhuma e também sem nenhum tipo de fiscalização. As coisas nos anos 60 eram mais tranquilas, um tanto quanto irresponsáveis também, é verdade!
Acontece que a sua mãe tinha esquecido de onde viera, e achava que seus filhos não mereciam ninguém menos que alguém com "eira e beira" e como ela mesmo dizia, que eu não tinha nenhum dos dois.
Acredito que você já tenha ouvido falar no termo "sem eira nem beira" não?
Bom, eu era a segunda filha mais velha, e havia um irmão mais velho que nós duas também. Os demais eram crianças demais para se lembrar de coisas assim.
Pois bem, eu trabalhava como dama de companhia para uma senhora, cujo marido era médico, então eles sim tinham dinheiro. Muito dinheiro.
Naquela época eu já os ouvia conversando sobre viagens ao velho mundo, hoje conhecido como "Europa". Acho que você agora sabe de onde estou falando. Eu tinha dezesseis, eles tinham, com certeza, mais de cinquenta.
Seus filhos já eram adultos e casados.meu trabalho consistia em enrolar a sua lã enquanto fazia tricô, dobrar as roupas, arrumar a mesa e escutar tudo o que ela tinha para falar.
Eu não era de falar, pois minha mãe me ensinou que não devemos nunca ficar de conversinha com nossos patrões! Mas eu sempre fui muito atenta, e todos os detalhes que eu a via fazendo ficou marcado em minha memória.
Pois bem, aquele rapaz de apenas dezessete anos, também olhou para mim um dia, durante a missa, quando  fui comungar e ele era um dos coroinhas. Muito normal na nossa época! Era um orgulho para os pais!
A gente estudava no mesmo colégio e começamos a nos encontrar meio que escondido. Era uma delicia! Sabe aquela sensação de euforia? Pois é!
Contei para minha irmã mais velha, já imaginando que iria levar a maior bronca, pois eu precisava  daquele puxão de orelha! Quem sabe assim eu colocasse a cabeça no lugar e tentasse esquecer aquele garoto.
Mas não! Ao invés disso ainda descobri que ela estava saindo com o melhor amigo dele, foi uma perdição! Duas adolescentes com os hormônios afloramos e dois garotos que nos tratavam super bem.
No ano seguinte, ele se formou e se mudou de cidade afim de cursar a universidade, coisa que eu sabia que nunca iria fazer. Me jurou mundos e fundos e eu acreditei, até porque suas cartas chegavam sem atraso, todas as sextas-feiras.
Minha irmã mais velha foi pedida em casamento por aquele rapaz, e lembro como se fosse ontem, de nós duas pulando feito duas doidas, na linha do trem, a caminho de onde nosso pai trabalhava, para levar sua marmita e depois irmos para o trabalho.
A família deste não ligava para nossa condição monetária, que era quase miserável! Uma casa de pau a pique, sem luz e com muita gente dentro dela! Mesmo assim, eu estava exalando felicidade, assim como ela.